33ª Mostra SP – Dia 5
28/10/2009 at 8:52 am Deixe um comentário
Entre Dois Mundos (Vimukthi Jayasundara – 2009 – Sri Lanka)
Num mundo em que as pessoas comuns se rebelaram contra o poder da televisão (os planos com centenas de TVs quebradas nas ruas são dignos do melhor cinema apocalíptico), surge um enviado dos céus… ou algo assim. Há uma cena no começo em que pescadores discutem lendas locais que parece fornecer alguma chave de compreensão ao pobre espectador. Será a única dada pelo filme, uma sucessão de planos-sequencia delirantes, momentos insanos e personagens estranhos (e que mesmo assassinados reaparecem vivos na cena seguinte). Infelizmente, ao contrário de um certo tailandês maluco genial (Apichatpong Weerasethakul), Vimukthi Jayasundara é um exibicionista que tenta fazer cada plano de seu filme o mais genial possível (alguns são mesmo) resultando num filme que tem seu fascínio, mas é frequentemente pedante e aborrecido.
Independência (Raya Martin – 2009 – Filipinas, França, Alemanha, Holanda)
Ambientado nos anos 30, época em que as Filipinas estavam dominadas pelos EUA, Independência foi filmado como um filme dos anos 30. Ou seja, fotografia preto e branca, cenários falsos com fundo pintado, atuações ingênuas, etc. Trata-se, portanto, de recriar cinematograficamente um passado autênticamente filipino já que o passado histórico é dominado por outras nações. No filme, mãe e filho fogem dos invasores americanos e se refugiam numa floresta. Pouco depois, abrigam uma moça violentada por soldados dos EUA. Mesmo reconstruindo suas vidas longe da civilização, o trio não é realmente independente: ainda sonham com o passado, temem o invasor e o filho é imaturo. A mãe morre doente (num uso fantástico de elipse) enquanto os dois jovens se casam e criam um filho (provavelmente fruto do estupro). O menino é o verdadeiro herói do filme, desde cedo buscando a independência dos pais. E quando a natureza e os americanos finalmente cobram da família o preço por morarem na floresta, o garoto decide seu destino sem medo. O céu se torna vermelho, da mesma cor que sua camisa (é a única cena com alguma cor) demonstrando a superioridade moral e espiritual do pequeno valente sobre os opressores de seu país. Sério candidato a meu filme preferido nesta Mostra.
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