É Tudo Verdade 2010 – Dia 2

11/04/2010 at 5:28 pm Deixe um comentário

O Homem-cinema (Alain Cavalier – 2005 – França)

Um filme composto das gravações que Cavalier fez da sua própria vida durante dez anos. Não que esse extenso período de tempo seja sentido no resultado final. A estrutura de O Homem-cinema é tão fragmentária e avessa a uma narrativa convencional que a passagem dos anos mal se percebe (a citação ao 11 de setembro incomoda justamente porque parece estar ali simplesmente para marcar essa passagem). Como seria um filme feito por alguém cuja câmera é uma parte indispensável de si próprio? O Youtube não deixa de ser uma resposta. Pessoalmente, acho que essa integração “Homem” e “cinema” seja mais orgância (em vários sentidos) no seu recente Irene. Aqui, Cavalier evita destacar acontecimentos que poderiam ser transformados em narrativa para privilegiar momentos cotidianos e banais (as vezes, até demais) de sua vida – o que não deixa de ser discutível. O fato de sua esposa suspeitar ter câncer mal é mencionado posteriormente e acaba adqurindo um peso igual a reflexões de Cavalier sobre marcas de papel higiênico, ou a presença de um pássaro no que parece ser a casa de campo deles, etc. Um filme obviamente imperfeito, que por vezes tenta ser poético em excesso, mas bastante prazeroso de ver.

A Cidade dos Mortos (Sérgio Trefaut – 2009 – Portugal)

Um documentário que desperta atenção imediata por seu cenário inusitado – um gigantesco cemitério nas proximidades do Cairo, que se tornou uma cidade. Cerca de 1 milhão de habitantes vivem lá, moram em mausoléus e caminham por “ruas” tomadas de tumbas. O filme frustra aos poucos quando se percebe que ele não tem tanto interesse em como se organiza uma cidade assim (como funciona sua economia? Há escolas lá? Há riscos para a saúde em morar numa cidade assim? Etc). A força do filme está nas situações excêntricas que surgem (é um filme que pode facilmente ser acusado de exotismo, mas creio que ele genuinamente se interessa pelas pessoas que encontra pelo caminho). Curiosamente, achei que a relação das pessoas com os mortos nem parece tão intensa quanto com a dos animais (cachorros, gatos, pombas, cabras, etc) que etsão por toda parte. E por vezes o filme parece querer focar mais no universo das crianças que moram lá, mas isso nunca ocorre. Ou seja, de modo geral, sua curta duração (62 m.) é um problema: este A Cidade dos Mortos termina soando como rascunho para um filme melhor.

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É Tudo Verdade 2010 – Dia 1 Transmetropolitan – De Volta às Ruas

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